quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Sobre firulas, artesanato e amizade

A mãe precisa trabalhar. Todo dia. É doméstica e o dinheiro da atividade ajuda na renda da família. Impossível abrir mão.

Por firula do destino, a casa onde trabalha fica em frente à Biblioteca Prof. João Suassuna. É onde Maria e Vitória, suas filhas, passam as manhãs.

Elas podiam ficar com as bonecas, na rua ou presas a uma televisão. Preferem os livros e joguinhos.

Brincam sempre juntas. Sentadas nas mesinhas do espaço infantil, aprendem mais sobre dinossauros, fadas e até como funciona o corpo humano. Conhecimentos extraídos dos livrinhos interativos lá disponíveis.


Não raro, Dinara, uma amiga, vem junto. Mais velha que a duplinha, assume ar de professora. Não é sempre, mas parece gostar. É ela quem lê as cartas dos jogos. Quando Maria e Vitória emperram na resposta, ela dá uma ajudinha.

- O berimbau é um instrumento de...?
- Humm... Deixa eu ver...
- Essa eu não sei.
- De “C” “O” “R” “D”...
- Corda! Corda!
- É! Acertou!

Entretanto, força maior a Dinara está dando à Maria, que ainda não tem leitura fluente. Elas escolhem um livro na prateleira e, com paciência, a mais velha ajuda a mais nova na costura das letras e sílabas, formando assim cada palavrinha. Depois tecem as palavras em frases, que dão origem às histórias. Trabalho de artesãs. Prova de amizade inquestionável.

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